MJD-BR realiza 3º Encontro Nacional com caráter formativo

da redação do Blog

No próximo feriado, dias 1 a 4 de maio, o Movimento Juvenil Dominicano do Brasil irá realizar seu 3º Encontro Nacional para integrantes. O evento acontecerá no Mosteiro Cristo Rei, em São Roque (SP), casa das Monjas Dominicanas do Brasil, nossas irmãs de caminhada.

Dessa vez, entretanto, o Encontro Nacional terá caráter formativo e será direcionado para jovens representantes das cidades onde o MJD está presente. Com o número reduzido de participantes, o encontro tem a proposta de, em um formato mais intimista, propiciar o aprofundamento em alguns temas de formação, fomentar a unidade espiritual entre os grupos por meio de momentos de oração, capacitar os participantes com técnicas que envolvem o trabalho do Movimento e, como ninguém é de ferro, intercalar esses espaços com música, lazer e bons sorvetes.

Cada grupo enviará, no máximo, três jovens representantes para o Encontro. Após o feriado, esses mesmos jovens contarão para nós como foi essa experiência. Fique ligado!

 

Cartaz do 3º Encontro Nacional do MJD-BR

Cartaz do 3º Encontro Nacional do MJD-BR

Jovens do Pé do Morro encenam a Via Sacra

noticias do pe do morro-02

Na próxima semana, completarei três meses aqui no Pé do Morro (Aragominas, para os menos íntimos). Desde que cheguei aqui, ei a ter contato com a juventude. Jovens mais jovens do que sou, mas que fazem com que eu me sinta muito mais jovem do que sou.

A maioria desses adolescentes faz parte do grupo JUMP (Jovens Unidos Multiplicando Poder), que se reúne na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – a única da cidade, e que está aos cuidados de Frei Marcos Belei e Frei Xavier Plassat, ambos Dominicanos.

Os encontros acontecem aos sábados à noite. Sempre é discutido algum tema atual ou um texto bíblico. O grupo, que tem cerca de 20 integrantes, já participou de formações sobre tráfico humano e trabalho escravo, temas da Campanha da Fraternidade. Em outra oportunidade eu conto mais sobre como as meninas e meninos demonstraram sua fé com obras em prol de uma comunidade mais acolhedora.

VEJA GALERIA DE FOTOS DA VIA SACRA

Este texto é para falar sobre uma enorme responsabilidade que nós assumimos – e eu falo “nós” porque me sinto muito parte da vida deles, graças à maneira como fui recebido por todos. Há cerca de dois meses, ficou sob nossa tutela organizar e realizar a Via Sacra. Todos os anos, a morte e ressurreição de Cristo é encenada em um trecho que percorre grande parte da cidade. Quase toda comunidade volta os olhos para acompanhar a peça. Por isso, a responsabilidade de fazer um trabalho bonito era muito grande.

Momento da Via Sacra em que Jesus é levado a julgamento para Pilatos,

Momento da Via Sacra em que Jesus é levado a julgamento para Pilatos,

Meninas e meninos de 11 a 18 (ou 19?) anos se dividiram entre os papeis de Cristo, Maria, Maria Madalena, Verônica, Pilatos, Barrabás, Cireneu, soldados, ladrões, fariseus entre tantos outros personagens. Bravo como sou, atuei como soldado chefe.

Após receber a coroa de espinhos, Jesus começa a carregar a cruz.

Após receber a coroa de espinhos, Jesus começa a carregar a cruz.

Bem, os ensaios duraram cerca de 1 mês e meio. Praticamente todas as noites nos reunimos para ensaiar. Nem tudo saiu às mil maravilhas. Tivemos muitas brigas discussões, ausências, estresses… mas também foi possível identificar pessoas que até então estavam escondidinhas e conhecer diferentes habilidades de cada um. Todos esses momentos fazem parte do nosso amadurecimento como grupo, e é importante que saibamos usá-los para tal.

Durante toda quinta e na sexta pela manhã, preparamos os últimos detalhes para que tudo saísse direitinho. Tivemos a grande ajuda dos companheiros Jorginho e Juvenal, que já não são lá tão meninos, mas que fizeram parte do grupo de jovens alguns anos atrás. Por já terem organizado a Via Sacra anteriormente, eles nos auxiliaram a capinar o gramado onde seria realizada a crucificação, fizeram uma gambiarra para termos iluminação, ajudaram em toda “engenharia” para colocar as cruzes de uma maneira segura e em vários outros detalhes. Sem contar a ajuda do Evandro, que trabalha comigo na T e deu preciosas dicas de interpretação!

Na sexta-feira à tarde, após a celebração, era chegado o momento de mostrar à comunidade e, principalmente, a nós mesmos, o resultado de todo trabalho, de todo desgaste e aprendizado que tivemos até então. Era muito claro perceber os rostos ansiosos alguns minutos antes da encenação. Para mim, foi muito bom sentir a mesma ansiedade que eles. É esse nervosismo que nos faz sentir vivos e famintos por novos momentos como aquele.

E tudo deu muito certo! Óbvio que algumas coisas não saíram conforme ensaiado, erramos em algumas coisas, mas foi bonito perceber a capacidade que temos quando abraçamos a ideia e nos dispomos a vivê-la. Ao que pudemos perceber, a comunidade também ficou bastante satisfeita com a nossa performance.

Maria recebe o corpo de Jesus, após ser crucificado.

Maria recebe o corpo de Jesus, após ser crucificado.

Para finalizar com chave de ouro, replico abaixo o depoimento de dois integrantes do grupo: Maria Eduarda, que representou Maria Madalena e Eduardo Libanio, no papel de Pilatos.

Maria Eduarda, 14 anos:

Foi muito emocionante, divertido e gratificante de fazer. Ouvir os comentários positivos não tem preço. Rimos bastante nos ensaios, brigamos, discutimos, mas acho que vai deixar saudade. Tivemos dificuldades, principalmente por ser nossa primeira vez, mas tivemos o apoio e a colaboração de várias pessoas – algumas ajudaram demais mesmo.

Apesar das dificuldades e a falta de compromisso de alguns, ocorreu tudo bem. Rs. No dia da apresentação, acho que todos estavam nervosos. Eu, particularmente, estava muito nervosa, com aquele frio na barriga kkkk.

Mas… foi bom, foi legal de fazer 🙂 E que venham as próximas, mais e mais Vias Sacras e eventos para o grupo de jovens JUMP!

Eduardo Libanio, 18 anos:

Esta Via Sacra foi sem dúvida marcante, desde os momentos que amos nos ensaios e preparativos, até a hora da apresentação. Inicialmente falando sobre os ensaios, nossa, vão ser difíceis de esquecer! Era um ajudando o outro: “cara, melhora essa queda; as mulheres que choram podem ter mais emoção; ou isso ou aquilo ficaria melhor de outra forma”.

Quando faltava alguém, outro fazia seu papel no ensaio, mas cada um teve sua contribuição. Mesmo que algumas vezes se fugia da responsabilidade e objetivo havendo distração, logo se voltava a ensaiar. Foi assim se procedendo até chegar o dia do nosso grande espetáculo.

A ansiedade tomava conta de todos. Crescia-se o nervosismo: “será que vamos conseguir?”. Fizemos uma rápida reunião, na qual todos estavam em círculo e de mãos dadas. Com certeza amos energia uns para outros, o que acalmou-nos mais, e daí então partimos para apresentação. E a comunidade estava lá, nos esperando. “Galera, chegou a hora!”.

Na apresentação saímos todos bem e valeu a pena mesmo pelas dificuldades adas. Chamou-nos atenção também o fato de algumas pessoas ali chorando e muitos outros traços. Certamente, quem ainda não havia entendido, tanto do grupo como da comunidade, o real sentido daquilo naquele momento compreendeu o quão importante é. Não há nem palavras para explicar. Grande é o amor de Jesus por nós e isso é o que cada um vai levar consigo para sempre.

Jovens que participaram da encenação recebem os aplausos da comunidade.

Jovens que participaram da encenação recebem os aplausos da comunidade.

 

O laicato dominicano e a pregação

por Frei Bruno Cadoré, O.P.
Mestre da Ordem dos Pregadores

Roma, 22 de dezembro de 2013.

Novena do Jubileu da Ordem (2014)

“Derramarei o meu Espírito em toda carne;
e vossos filhos e vossas filhas profetizarão,
vossos anciãos terão sonhos,
vossos jovens terão visões” (Jl 3,1)

Queridos irmãos e irmãs:
Com grande alegria escrevo esta carta, no aniversário da confirmação da Ordem, para abrir o ano da novena do jubileu consagrado ao tema “O laicato dominicano e a pregação”. Este ano se inicia, pouco tempo depois da conclusão do Ano da fé, pelo Papa Bento XVI, enquanto presidia o Sínodo sobre a nova evangelização e a transmissão da fé (dentro do qual se comemorou a abertura do Concílio Vaticano II) e concluído pelo Papa Francisco, com a promulgação da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
Deste modo, nos convida a dirigir nossa atenção para os leigos dominicanos, em um contexto no qual a Ordem dos Pregadores está chamada a acolher estes múltiplos convites para uma renovação do zelo pela evangelização. O último capítulo geral dos frades escolheu como tema para a celebração do Jubileu, este lema tão simples quanto radical: “Enviados para pregar o Evangelho”. Este lema faz eco ao envio dos primeiros frades como pre-gadores a serviço da Igreja, totalmente dedicados a evangelizar com a Palavra de Deus. O lema é simples, porque dirige toda a nossa atenção para o central do serviço que a Igreja espera da Ordem: anunciar o Evangelho. O lema é radical, porque, mais além de todas as dificuldades que uns ou outros possam encontrar e mais além das incertezas, que possamos ter em relação ao que devemos serou fazer, nos recorda que devemos, antes e acima de tudo, estarmos abertos a esse «envio» do qual provém nossa identidade. Hoje em dia, talvez mais do que nunca, o tema dos leigos dominicanos deve nos ajudar a descobrir que a todos nós, como membros da família dominicana, nos envia juntos para servir dentro da conversação de Deus com o mundo, anunciando o Evangelho da paz.

Uma « comunhão dominicana » enviada a pregar o Evangelho

Evidentemente, as coisas evoluíram desde os tempos do começo da Ordem. A Igreja, por exemplo, continuou refletindo sobre a pregação. Também continuou refletindo sobre os leigos e o seu papel essencial no testemunho e no anúncio do Evangelho. O Concílio Vaticano II foi um momento especialmente importante para isso. Igualmente, continua a reflexão, baseada em experiências concretas, sobre o modo no qual os leigos podem ser par-te integrante das ordens e congregações, de novas comunidades e tradições da vida espiritual. O ponto comum de tudo isto reside em uma forte convicção que Paulo VI enfatizou durante o Concílio: a Igreja se converte no que ela mesma é, na medida em que se faz, no mundo, verdadeiramente conversação, isto é, na medida em que, anunciando o evangelho no mundo, ela deseja ser testemunha de que o Deus da revelação bíblica vem, em Jesus, ao encontro da humanidade para conversar com ela.
Já faz muitos anos, eu tive a sorte de participar em Haiti na vida de uma paróquia no momento em que nasciam pequenas comunidades eclesiais chamadas «fraternidades». Em outras paróquias, o nome se transformou e, seguida, em «Ti Legliz » (pequenas Igrejas). Os dois termos nos recordavam que “fraternidade” era o nome com o qual, nos primeiros séculos, se designavam as assembleias da Igreja. A fraternidade, na qual se entrelacem conjuntamente o compartilhar da fé e o tornar-se humano de cada um, era também o crisol do testemunho e da missão.
Por isso, era designado como o selo do certificado de nascimento da Igreja…
Embora seja verdade que as coisas tenham se modificado desde os tempos do começo da Ordem, no entanto, percebemos certas analogias que nos recordam aquilo que incendiou em Diego e em Domingos, o fogo da pregação: as mudanças radicais no modo de viver da Igreja, causadas pela mutações da sociedade feudal, a emergência de novos conhecimentos e de novas maneiras de concordar com as mudanças, as transformações profundas da organização das sociedades e das cidades. No meio destas mudanças, nasceram grupos de leigos que convidavam a Igreja a se movimentar, a se aventurar fora das estruturas demasiado estabelecidas e demasiado rígidas para evitar o risco de afogar o sopro recebido. Estes «pobres», estes «humildes» escolhiam uma vida que unia uma presença humilde no mundo, uma palavra autêntica e viva pregada como uma boa nova e uma certa radicalidade em seu modo de vida. Animava-os a intuição de que a radicalidade pelo Evangelho, vivida em uma humanidade plena, era o melhor caminho para «interpretar» a Palavra e manifestar a presença d’Aquele que vem para a salvação do mundo. Entre estes grupos de leigos, alguns receberam do Papa Inocêncio III, a possibilidade de realizar uma pregação itinerante e mendicante. As «Ordens Terceiras» de mendicantes foram, de uma ou outra maneira, herdeiras destes movimentos que devem ser diferenciados das instituições de vida religiosa.
Nesta efervescência de uma Igreja que busca encontrar de novo o vigor de sua autenticidade, nasceu a “Santa Pregação de Pruilhe”, quando alguns leigos se uniram à aventura incipiente de Domingos. Ao reler estes tempos dos começos, não posso deixar de pensar que,quando Domingos recebeu as primeiras irmãs convertidas, que vieram a se colocar sob a sua proteção e em seguida a Ermengarda Godoline e seu esposo Sancho Gasc(8 de agosto de 1207), começou a sonhar com esta aventura, a imagem do grupo, do qual fala São Lucas em seu Evangelho e que acompanhava Jesus enquanto “ava pelas cidades e povoados proclamando o Reino de Deus” (Lc 8, 1-3). Esta breve agem do Evangelho, segundo São Lucas, que descreve Jesus pregador está no coração dos capítulos 7 ao 10. À luz destes textos, nós também podemos nos alegrar de sermos «enviados a pregar o Evangelho» segundo o modo da fraternidade. Seguindo os os da «Santa Pregação», nos envia como uma família a pregar o Evangelho. Por isso, a noção de «família dominicana» não é apenas uma maneira de expressar as convergências entre vários grupos que têm um mesmo propósito. Ela expressa um modo de evangelização e, neste sentido, os leigos dominicanos nos recordam esta exigência baseada no Evangelho.
A unidade da nossa Ordem nasce da sua missão de evangelização: os leigos, irmãs e frades da Ordem somos membros de uma mesma família, que recebe a sua identidade do fato de ser enviada a pregar o Evangelho, dando testemunho de um Deus, que vem dialogar com o mundo. Mais ainda, poderíamos dizer que a identidade «dominicana» é a de uma família (a de uma «comunhão») constituída pelo vínculo orgânico entre evangelização e contemplação daquela verdade que é a Palavra viva que veio a este mundo. É o que nós tratamos de viver sob três modalidades: a oração, o estudo e a fraternidade, de maneira específica segundo o estado de vida de cada um. No Evangelho segundo São Lucas, citado mais acima, o envio dos Doze, e em seguida dos setenta e dois, se inscreve nesta dinâmica na qual Jesus se revela como a Palavra, que cumpre a promessa e dá a vida, a Palavra que devemos escutar e por em prática, a Palavra que reúne os irmãos. Ao recomendar os Pregadores, o Papa Honório os apresentava como totalmente dedicados à evangelização através da Palavra de Deus. Esta consagração à Palavra, pela pregação e pela contemplação («Consagra-os na verdade: tua Palavra é a verdade» Jo 17, 17),permite nossa unidade. Nesta perspectiva, a dimensão de unidade da família dominicana é essencial, porque ela está ligada à missão de pregação do Reino (a continuação da oração do Filho ao Pai, no Evangelho segundo João, é explícita, e evoca o envio ao mundo e pede a unidade: Jo 17, 18-23).
É evidente que a Ordem dos Pregadores não tem o monopólio da pregação nem da evangelização na Igreja, porém me parece que a sua «confirmação» há quase oito séculos a ordenou, como «Santa Pregação», a servir o carisma da pregação na Igreja. Isto é, a servir esta dimensão essencial da Igreja segundo a qual, esta última se constitui e é estabelecida pela graça do Espírito de Cristo. Este serviço não toma somente a forma do ato de pregar ou de evangelizar, mas que além do mais, pelo próprio fato de constituir una família unida pela pregação, a Ordem recorda no seio da Igreja que a evangelização contribui para estabelecer a Igreja como fraternidade e comunhão.

Conversação e comunhão

Quero propor que recebamos o tema deste ano: « O laicato dominicano e a pregação » à luz destas três evocações (da Igreja fraternidade, dos inícios da Santa Pregação da Ordem e da unidade da família dominicana) e que façamos deste tema a inspiração de nossa reflexão. A reflexão anterior nos terá feito perceber que, a formulação deste tema abre horizontes muito amplos para compreender melhor como o compromisso dos leigos na família dominicana é determinante para a missão de pregação da Ordem.
«Aos leigos lhes corresponde, pela própria vocação,tratar de obter o reino de Deus, istrando osas-suntos temporais e ordenando, segundo Deus. Vivem no século, isto é, em todos e cada um dos poderes e ocupações do mundo, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as que sua existência está como entretecida. Ali estão chamados por Deus, para que, desempenhando sua própria profissão, guiados pelo espírito evangélico, contribuam para a santificação do mundo como de dentro, a modo de fermento» (Lumen Gentium, 31). Dentro desta perspectiva geral, a expressão «leigos dominicanos» permite constatar uma certa diversidade entre aqueles homens e mulheres que hoje em dia desejam, pela graça de seu batismo, participar na missão de Cristo e «fazer brilhar a presença de Cristo no coração da humanidade» (Prólogo da Regra de 1968), seguindo os ensinamentos de São Domingos. Todos, como leigos, têm «a nobre obrigação de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e aceita por todos os homens de qualquer lugar da terra» (Decreto sobre o apostolado dos leigos, § 3). E todos são convidados a fazê-lo contribuindo à constituição desta «família» dominicana envia-da a pregar o Evangelho.
Como leigos dominicanos, « continuam fiéis à sua vocação, esforçam-se por deixarem-se penetrar pelo espírito de São Domingos: por meio da contemplação assídua de Deus, unida à oração e ao estudo, alimentarão uma fé firme; darão testemunho da mesma com força, cada um segundo a sua própria graça e condição, para ilu-minar os fiéis que compartem a sua fé e aos homens privados da luz de Cristo. Assim, graças a eles, a Ordem tem a possibilidade de alcançar mais plenamente o seu objetivo. Eles se dedicarão a reconhecer e compartilhar as mi-sérias dos homens, suas angústias e suas aspirações. Guiados pela luz do Evangelho, segundo o espírito da Igreja, e união com os homens de boa vontade, eles fomentarão, pelo apostolado da verdade, tudo o que é verdadeiro, justo e santo, e se esforçarão em ajudar a todos os homens, na medida do possível, com um espírito de alegria e de sincera liberdade» (Prólogo da Regra de 1968).
Entre estes leigos dominicanos, os membros das fraternidades leigas dominicanas têm um lugar privilegiado, visto que fazem a opção de comprometer toda a sua vida por meio da promessa de contribuir para a missão de Cristo, participando de modo específico como membros da Ordem. Eles inscrevem o seu compromisso com a Palavra viva não apenas na sua vida de batizados, mas também procurando um equilíbrio em sua vida e em suas diferentes responsabilidades para que sejam uma «pregação», um serviço à conversação de Deus com o mundo. Ao mesmo tempo, eles inscrevem na vida da Ordem, a exigência de orientar a pregação da Palavra à constituição da Igreja de Cristo por meio da busca da comunhão e da unidade. Sabemos que na atualidade é necessário refletir sobre a diversidade existente no interior destas fraternidades para buscarmos juntos o modo de aceitar, promover e conjugar cada vez mais tal diversidade, buscando reuni-la no testemunho concreto de uma vida leiga que deseja ser pregação.
Existem também outras maneiras, segundo as quais os leigos decidem participar nesta missão e pertencer à «família dominicana», sem que o seu compromisso seja sob a mesma forma: leigos associados a numerosas congregações de irmãs, a um determinado convento oua uma obra dominicana específica; herdeiros das «milícias» medievais; membros do Movimento Juvenil Dominicano Internacional; Voluntários Dominicanos; membros das Fraternidades Lataste e dos movimentos que se inspiram em sua intuição de Betânia. Cada umdes-tes grupos tem um modo próprio de compromisso com a família dominicana.
E, como em toda família, também estão os amigos que, sem ter feito a opção explícita de uma pertença, compartem a missão, por meio de uma colaboração profissional que quer se arraigar no espírito de São Domingos (por exemplo os profissionais do ensino, da edição, da comunicação), ou por meio de opções de evangelização (como é o caso, por exemplo, de numerosos leigos comprometidos na missão de pregar o Rosário na tradição dominicana). A noção de família dominicana, de comunhão dominicana, permite reunir todas estas dimensões, com as monjas, os frades, as irmãs de vida apostólica, os membros dos institutos seculares e das fraternidades sacerdotais, em nome da evangelização, missão comum pelo Reino, no respeito e na autonomia da vocação pró-pria de cada um. (cf. Documento da Bologna).
Esta diversidade é importante para explicar o sentido do vínculo entre os leigos dominicanos e a pregação. Devemos destacar que entendemos o termo «pregação» no sentido mais amplo, mesmo se levando em conta a especificidade da pregação da homilia durante a liturgia, definida pela disciplina da Igreja. “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão!” Evangelizar com a Palavra de Deus, proclamar o Reino de Deus, anunciar o Evangelho, pregar o Evangelho da paz, difundir a presença do Cristo… todas estas expressões fazem eco à profecia de Joel: todos profetizarão, falarão “da parte de Deus”. Os termos do Concílio Vaticano II, expressam claramente a especificidade da vocação leiga à evangelização e, nesta mesma linha devemos situar o vínculo dos leigos dominicanos com a missão de serviço da própria pregação da Ordem. Esta especificidade é bivalente. Ela provém dos ambientes específicos nos quais vivem e testemunham os leigos dominicanos e nos quais, por seu serviço de evangelização, eles permitem que a Ordem leve a cabo a sua missão, que «alcance mais plenamente a sua finalidade».
Mas provém também da sua contribuição à Ordem e à comunhão dominicana. Esta é outra maneira, complementar, de contribuir para o cumprimento da missão da Ordem. Foram as mulheres convertidas que fizeram Domingos se conscientizar da necessidade de protegê-las.Foram os primeiros pobres valdenses que pam em evidência de como o testemunho da radicalidade era portador de um testemunho evangélico.
Parece-me que os leigos dominicanos possam permitir que a pregação da Ordem alcance mais plenamente a sua finalidade pelo próprio fato da realidade da vida leiga, e isto de várias maneiras. Como com os frades e as irmãs da Ordem, a pregação dos leigos dominicanos se enraíza de modo concreto na experiência da vida. É por isso que a riqueza da sua contribuição específica à pregação da Ordem, vem da sua experiência da vida familiar e profissional, da sua experiência de paternidade, da sua experiência de vida de Igreja, a experiência de ser jovem nas sociedades contemporâneas, a experiência singular do batizado que deve dar conta da sua fé no meio de uma família ou de um grupo de amigos, aos quais está cotidiana e afetivamente ligado, mas que no entanto, não com-partilham da mesma fé e frequentemente, não manifestam nenhum desejo de compartilhá-la… Eles vivem de um modo especial a dificuldade do testemunho da fé: em muitos dos lugares do mundo contemporâneo, a situação habitual de um leigo o confronta com a indiferença,o cepticismo e a incredulidade, de um modo bem diferente ao dos religiosos, e isto deve enriquecer a pregação do conjunto da Ordem. Assim mesmo, através das atividades da sua vida profissional, familiar ou militante, um leigo experimenta como as exigências cristãs de fraternidade e de verdade, segundo as quais ele busca contribuir para a transformação do mundo, são uma pregação essencial, própria do seu estado, que se conjuga com a pregação do conjunto da “família dos pregadores”.
Através de todas estas experiências, vive-se a experiência de Deus, de sua presença, de sua Palavra, de sua Providência… Falar da parte de Deus, é deixar que o sopro de Deus, inspire as nossas palavras humanas de modo que elas testemunhem a presença e a “vida conosco” d’Aquele maior que todos nós. Mas, é também deixar que se grave em nós, no mais profundo de nossas próprias experiências, um eco misterioso da experiência da condição humana, que o próprio Deus quis fazer em seu Filho. Compreende-se
facilmente que a complementariedade entre a pregação dos leigos e a dos frades ou das irmãs, comprometidos na família dominicana sob a forma de vida consagrada, é uma consequência da complementariedade da experiência da vida humana. Partindo deste ponto de vista, é importante sublinhar que uma das tarefas da família dominicana é se organizar de tal modo que estas múltiplas experiências (e não apenas as ações concretas de evangelização) entrem em diálogo e se ensinem reciprocamente a presença e a providência de Deus. Parece-me que muitas vezes damos por certo, que prestamos mútua atenção ao que constitui a singularidade da experiência de ser dominicano hoje nos diferentes estados de vida, que nós conhecemos o modo de vida dos outros membros da família… No fundo, talvez com exagerada frequência, consideramos que é possível construir nossa “família”, fazendo caso omisso daquilo que constitui o próprio fundamento da pregação e que é o lugar fundamental da obra da graça de cada um. Para servir à conversação de Deus com a humanidade, devemos tomar o tempo e procurar os meios para escutar os ecos das múltiplas conversações queEle tem neste mundo.
A partir destas observações, podemos dizer que os leigos dominicanos enriquecem dia após dia a maneira com que a Ordem deve aprender a “amar o mundo”, ao qual é enviada a pregar, não apenas contando com agudos e pertinentes análises do mundo, mas fazendo-se vulnerável às distintas experiências do mundo que têm os membros da família dominicana. Fazendo isto, quanto ao demais, a Ordem em sua diversidade aprenderá também a se deixar marcar pelas diferentes interpretações da Palavra que nascem do coração destas experiências.
Com a Bíblia em uma mão e o jornal em outra, como gostava de dizer a alguns de nossos mais idosos. A experiência compartilhada enriquece mais ainda esta atitude. A partir desta tomada de consciência, toda a Ordem pode-rá reforçar cada vez mais a sua convicção de que um dos primeiros deveres do anúncio do Evangelho, é permitir a cada um dos seus interlocutores, perceber o seu próprio lugar neste Reino anunciado, descobrir a própria responsabilidade que pode assumir ao aceitar, por sua vez, ser enviado. No seio da Ordem, os leigos dominicanos têm a tarefa de recordar aos outros membros, esta primeira evidência: os leigos na Igreja, antes de tudo, não são destinatários da pregação, da evangelização e da pastoral, mas que são pessoas chamadas a serem os atores das mesmas.

Na comunhão, renovar o zelo pela evangelização

A Igreja, bem recentemente, estabeleceu a noção de “família espiritual”, que corresponde ao que se denominou “novas comunidades”. De certo modo, senão fosse pelo temor de ser anacrônico, poderíamos nos atrever a dizer que a “Santa pregação” dos inícios teria respondido a esta definição e que a “família dominicana” é hoje a realização da mesma. Atualmente, há uma urgência na Igreja, esta mensagem já se repete até a saciedade, de re-novar o seu zelo pela evangelização, isto é, de se fortalecer a si mesma e estender-se pelo poder e pela graça da evangelização. E para isto, é urgente que a iniciativa da evangelização não seja percebida apenas como o fruto das instâncias clericais da igreja, mas, e sim, o fruto de uma iniciativa comum, pela qual a Igreja em seu conjunto se implica e compromete o essencial do que ela é, lançando-se ao encontro dos seus contemporâneos. Assim, para chegar a ser o que ela é essencialmente, a Igreja tem necessidade do compromisso de todos para dar o Evangelho ao mundo. Como não perceber esta urgência para a nossa própria Ordem? Como “servidora do carisma da pregação”, a Ordem dos pregadores tem o dever de promover o carisma dos leigos para a evangelização, e de manifestar que o que está em jogo é a própria constituição da Igreja, por meio da integração dos leigos dominicanos em uma só comunhão de evangelização, já não podem ser definidos sem uma sólida conversação entre todos, leigos, ministros e pessoas consagradas, prestando uma atenção especial à experiência ao desejo missionário dos leigos. Vários elementos me parecem determinantes na contribuição específica dos leigos dominicanos a esta re-novação do zelo pela evangelização do conjunto da família dominicana.
Antes de tudo, ainda com o risco de repetir uma banalidade, os leigos recordam a todos que uma intuição evangélica como a de Domingos não pode ser reduzida à sua tradução na vida consagrada. Sempre existe um risco, em uma família espiritual, de deixar que se estabeleçam distinções, das quais implicitamente, poder-se-iam deduzir falsas hierarquias: consagrados ou não consagrados;sacerdotes ou não; homens ou mulheres; jovens ou velhos. Entre nós, devemos ter a simplicidade, e sem dúvida, o valor, de fazer frente a esta tentação e remediá-la. Este é o preço para poder por, do melhor modo possível, o carisma da pregação a serviço de uma Igreja fraternidade. É também, escutando os leigos dominicanos falarem dos prazeres, mas também das dificuldades que eles vivem em seus compromissos eclesiais, descobrindo bastante, muitas vezes que se o apoio dos leigos é, em geral,vivamente desejado, suas iniciativas, sua formação teológica,seus saberes teóricos e práticos, sua experiência humana não recebe sempre a acolhida que seria desejável. Como se houvesse dois pesos e duas medidas no espaço dado à palavra de cada um na conversação eclesial.
Insistir no compromisso dos leigos dominicanos na pregação significa também, na tradição da Ordem, insistir na exigência do estudo. Com efeito, como dizia no começo, a pregação deve encontrar a sua própria fonte no equilíbrio entre as três formas de contemplação que são a oração, o estudo e a vida fraterna. Anunciara Palavra, escutar as aspirações do mundo contemporâneo à verdade, tratar de estabelecer as melhores condições possíveis
para um diálogo com as culturas e os novos conhecimentos, exige a ascese do estudo. A Ordem não deve nunca deixar de ser uma “estudante”. Para que o testemunho e as palavras de fé encontrem no estudo e no conhecimento da tradição da Igreja, o rigor e a objetividade que abram aos interlocutores, verdadeiros caminhos de liberdade sobre os quais pode aplicar a sua própria inteligência da fé na Igreja.
A diversidade de situações concretas, nas quais vivem os leigos, é também uma riqueza muito grande para o conjunto da família dominicana. Com efeito, ela permite não ceder à facilidade, com a qual poderíamos nos re-presentar as realidade humanas, pessoais, familiares e sociais de maneira unívoca, nem do ponto de vista “teórico” que poderia tornar-se normativo e redutor. É na experiência concreta onde se enfocam as questões de vida de casal, de educação dos filhos, de responsabilidade profissional, de precariedade do emprego, de nível de vida econômico, de compromisso político ou social. É também no concreto da experiência que se vivem os duelos de um cônjuge ou de um filho, os momentos difíceis, às vezes, de reorientação profissional, as etapas do o para a aposentado-ria, as dificuldades da velhice. Porque todas estas experiências estão, em sua vida concreta, em diálogo com o seu compromisso na pregação do Evangelho, os leigos dominicanos trazem uma contribuição sem igual à compreensão da Palavra de Deus no seio da família dominicana.
A insistência que a Igreja põe hoje na necessidade de uma renovação da evangelização está acompanhada muitas vezes pela constatação de que a “secularização” representa um desafio maior para o anúncio do Reino. A-qui também, há que se sublinhar o caráter específico das experiências desta secularização que têm os leigos em seu ambiente profissional, familiar ou de amizades. Quantas vezes escutamos os irmãos e irmãs leigos expressarem a pena que sentem de ver a sua família se afastar numa certa indiferença da fé, da solidão que sentem quando lhes parece quase impossível expressar publicamente a sua fé nos ambientes em que vivem ou trabalham, a incompreensão à qual se veem confrontados quando tratam de manifestar que não há necessariamente contradição entre a razão moderna, predominantemente científica e técnica, e as convicções de fé e de valores! Quantas vezes eles expressam em contextos culturais mui diversos, a dificuldade de encontrar a atitude justa no contexto atual de pluralismo religioso! Aqui os leigos dominicanos podem ajudar o conjunto da família dominicana a realizar de maneira criativa uma pregação que mantenha juntos o testemunho compreensível e a palavra explícita.
Considerando esta complementariedade, o compromisso da família dominicana na missão comum de evangelização poderia estabelecer um certo número de objetivos prioritários. Corresponde evidentemente,em primeiro lugar, a cada “santa pregação” local, identificar estas prioridades, levando-se em conta a sua realidade concreta, a própria cultura do país e de sua história eclesial específica. Mas, parece-me que uma reflexão dos outros membros da família dominicana junto aos leigos é especialmente necessária hoje, ao considerar a renovação da evangelização nas famílias, no mundo da educação, a evangelização dirigida aos jovens. Devemos solicitar a sua experiência dos conhecimentos práticos contemporâneos para definir melhor os desafios do encontro de evangelização com as culturas científicas e técnicas, assim como com as novas redes sociais. Junto a eles, e provavelmente dando uma atenção prioritária à sua experiência, trata-se de familiarizarmo-nos com a secularização, quando ela perturba os costumes de reconhecimento da Igreja, mas também quando ela abre novos caminhos de liberdade para a evangelização.
Nesta época de chamada para renovar a evangelização, parece-me que a Ordem dos Pregadores está especialmente convidada a integrar na dinâmica de sua missão, uma atenção prioritária à promoção da vocação leiga de levar o Evangelho ao mundo. Seria uma bela maneira de servir hoje à Igreja. Para fazer isto, quisera sub-linhar em especial certos meios que nós poderíamos desenvolver. O espírito, no qual os diversos grupos de leigos dominicanos são chamados a viver, deve estar sempre impregnado de gozo, de liberdade e de simplicidade: nesta perspectiva nos orientam os documentos do Concílio, escritos para o laicato dominicano.
As fraternidades leigas dominicanas têm uma responsabilidade eminente no conjunto da constelação dos diferentes grupos de leigos, porque elas se comprometem a introduzir, em uma vida plenamente leiga, o equilíbrio entre todas as dimensões da tradição de São Domingos. Há que se velar para que as fraternidades ofereçam esta possibilidade de vida, seguindo a escola de S. Domingos, distinguindo-se deliberadamente de toda “contaminação por parte da vida religiosa”, evitando formalismos que conduziriam à esclerose. No entanto, também convém estar abertos ao surgimento de outras formas de laicato na família, justamente por causa da diversidade das experiências evocadas mais acima. O desafio da evangelização dos jovens nos chama certamente a promover, o mais possível, os grupos que poderão fazer parte do Movimento Juvenil Dominicano Internacional, não como grupos de “pastoral” com grupos de jovens, mas como grupos que se constituem e se formam para serem grupos de jovens missionários para os jovens ( tendo uma atenção especial para os jovens que não receberam a fé, e para aqueles que vivem muito distantes dos mundos onde se conservam em geral as tradições espirituais). Durante este ano, parece-me importante que os outros membros da família dominicana dediquem tempo para escutar, conhecer e compreender melhor a vocação leiga no conjunto da missão da Ordem, e possam assim, participar mais na promoção desta vocação.
Se desenvolvermos esta dinâmica do laicato dominicano, isto nos comprometerá a promover no seio da Igreja, uma reflexão sobre a atualidade da vocação leiga à evangelização que concerne a todo batizado,e também uma reflexão sobre a contribuição das “comunhões leigas” que seguem tradições espirituais especiais ao estabelecimento das comunidades eclesiais locais. Convido todas as teólogas e os teólogos da família dominicana a nos ajudarem nesta reflexão.
Vossos filhos e vossa filhas profetizarão… Consagrar um ano da novena de preparação do Jubileu da Ordem ao tema “O laicato dominicano e a pregação” pode nos ajudar a tomar uma maior consciência do desa- fio de sermos “enviados a pregar o Evangelho” como família dominicana. No fundo, é uma chamada a todos para enraizar cada vez mais profundamente, o nosso desejo de evangelização no mistério do nosso batismo, que nos chama à edificação da Igreja no mundo como sacramento de salvação. Convido todas as comunidades da Ordem e todas as comunidades e grupos da família dominicana, a dedicarem tempo durante este ano para aprofundar tudo isto. E para fazê-lo, convido-as a aproveitarem o tempo da quaresma para dedicarem cada semana, um tempo de “lectio divina” comunitária aos textos dos cinco domingos desse ano litúrgico, fundamentando novamente a sua comunhão ao percorrer o caminho pelo qual a Igreja convida os catecúmenos a nascerem de novo pelo prazer de evangelizar.

 

Noite de Oração: Dia Mundial da Juventude

por Victor Alarcon e Osvaldo Meca

Em 2013 o Brasil recebeu a JMJ e já se prepara para a próxima, na Polônia em 2016.  Entre esses anos a Igreja não deixa de propor atividades para a juventude. Nos anos em que não temos a JMJ a Igreja propõe a JDJ (Jornada Diocesana da Juventude). Celebrada nos Domingo de Ramos ou em algum dia próximo, nada mais é que a JMJ organizada no nível das dioceses.

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Para conhecer mais sobre a JDJ dê uma olhada nesse material aqui. Para esse dia o Papa Francisco propôs uma mensagem, com o tema “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3). A mensagem pode ser lida em português no site do vaticano.

Para celebrar o Dia Mundial da Juventude a região Ipiranga da Arquidiocese de São Paulo preparou uma noite de oração, que ocorreu na paróquia Nossa Senhora do Sião no sábado que antecedeu o Domingo de Ramos (12/04), e o Movimento Juvenil Dominicano do Brasil  teve  o prazer de participar (com o grupo da Paróquia São Vicente, um jovem do colégio Santa Catarina de Sena e a presença do companheiro do grupo de Curitiba, Leonardo Akira), levando à juventude  os cânticos de Taizé. Conheça um pouco sobre os cânticos meditativos da comunidade de Taizé aqui.

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Essa noite de oração foi uma bela demonstração de como a oração comunitária é importante. Nós do MJD gostamos muito do estilo de oração do Taizé, pois ele preza por alguns elementos que julgamos essenciais para estarmos na presença de Deus, a simplicidade, a profundidade, a beleza e o silêncio.

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Os cânticos são breves e simples, compostos por poucas frases, mas carregam sempre um sentido profundo. Nos convidam a silenciar nosso espírito e contemplar a presença de Deus, sempre ajudados pela beleza do som dos cânticos.

A juventude tem sede de Deus e momentos de oração simples e profunda, em ambientes belos. Esses são espaços sempre necessários e bem vindos.

Campanha da Fraternidade 2014

por Leonardo Akira

Nos dias 29 e 30 de março, Frei Xavier Plassat, assessor da Comissão Pastoral da Terra (T) no Tocantins esteve em nossa paróquia realizando uma palestra sobre a Campanha da Fraternidade deste ano que discute o tráfico humano.

No começo de sua fala, Xavier, retomou um grande acontecimento da nossa história. O golpe militar, a ditadura brasileira, como os dominicanos participaram dos fatos, e sobre um jovem, Frei Tito de Alencar, que foi exilado na França, e como foi a amizade entre eles.

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Frei Xavier chegou ao Brasil inicialmente para fazer o translado do corpo de Frei Tito, mas no Brasil, junto com Dom Tomás Balduíno,OP, conheceu a T e abraçou a missão de trabalhar com posseiros injustiçados, sem terras e outros movimentos sociais. Segundo Xavier, a vida e o martírio de Tito o impulsionam cada vez mais para realizar este trabalho.

Na T, em 2007, iniciaram uma campanha contra o trabalho escravo, e hoje a Igreja no Brasil nos faz refletir a sociedade em que estamos inseridos. Infelizmente a dignidade humana é esquecida em pró de um capitalismo selvagem que cada dia que a aumenta mais a desigualdade social.

O tráfico humano sempre esteve presente na nossa história. Desde o tempo de nossa colonização a escravidão é uma ferida que até hoje deixa marcas em nossa sociedade. Maus exemplos recentes como do jogador Tinga, alvo de racismo no futebol.

Às vezes pensamos que trabalho escravo e tráfico humano estão distante de nós, que existem somente na região Norte ou Centro-Oeste, mas infelizmente não é verdade, a escravidão moderna está inserida em todas as regiões do país.

E nós jovens, dominicanos, cristãos, não podemos fechar os olhos perante essa triste realidade. Como o pessoal do MJD São Paulo realizou o Facebook Bombing, também devemos estar atentos para as demandas de trabalho que nos rodeiam.

Hoje a escravidão é diferente daquela de antigamente, dificilmente vamos ver alguém amarrado no pelourinho sendo chibatado, mas existem promessas enganosas, condições degradantes, trabalho forçado e jornada exaustiva.

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As falas de Frei Xavier nos impulsionou para um inquietação e indignação perante as tristes realidade, e após a palestra de sábado, de uma maneira muito fraterna, o frade francês, convidou o nosso grupo para entrarmos no convento e assistirmos o documentário Linha Direta sobre Frei Tito.

Novamente, Frei Xavier partilhou sua amizade com Tito, ressaltou a importância de fazermos memória e, emocionado, pediu para continuarmos dando voz ao martírio de Frei Tito.

Também partilhou a vida de dois frades ses que juntos fizeram e fazem um belo trabalho na T, Frei Jean Raguénès e Frei Henri Burin des Rozier. E a luta e voz que dão àqueles que, injustiçados por poderosos, sozinhos não conseguem mais ter voz.

No domingo retomamos os trabalhos, e as inquietações continuaram, trabalhamos as diversas formas de tráfico humano, e o dever de ficarmos de olhos abertos, para vigiar, acolher e atender àqueles que sofrem; organizar e mobilizar para atacarmos as raízes e gerarmos mudanças reais. Também em nossas ações diárias estarmos atentos às atividades de prevenção, informações e formações para juntos dos órgãos competentes denunciarmos e mobilizarmos a sociedade.

Pois, como Frei Xavier disse, não são só os frades que pregam nas homilias dominicais, mas também a sociedade com sua vida e exemplos no dia a dia.

Abraços Fraternos