por Erick Vinicius e Gabriel Lanzillotta
Alguns jovens do MJD, entre os dias 09 e 11 de maio, foram participar da celebração da padroeira do Quilombo* de Ivaporunduva (localizado na cidade de Eldorado, extremo sul do estado de São Paulo). Quem esteve presente foi Frei Mariano OP (assessor nacional do MJD-Br), acompanhado por Erick, Gabriel e Leonardo. Foi uma longa viagem, e apesar do cansaço, vivemos coisas inesquecíveis, como relatado abaixo:
Chegamos no Quilombo na sexta-feira (09/05), após pegarmos muito trânsito, para participarmos da festa da Santa padroeira da cidade. Logo que chegamos, amos pela humilde igreja e vimos que já havia começado a organização da festa. A expectativa era grande! Ao chegarmos a casa que iríamos ficar fomos muito bem acolhidos pelo Sr. Valdomiro, e começamos a conhecer um pouco a cultura deles, através da culinária… Logo após o jantar nos reunimos na sala e ficamos batendo papo, e confraternizando. Realmente eu me senti em família!
No outro dia acordamos cedo e após o café fomos visitar uma senhora para o nosso querido Frei Mariano dar uma benção a ela. Me chamou a atenção o fato do respeito para com os mais velhos, pois sempre pediam benção aos mais velhos, que as vezes é um ato banalizado por nós, mas que significa respeito e carinho. Após essa visita, então, seguimos rumo para conhecer uma fonte de renda para eles, que é a fábrica de banana cheaps (que nós tivemos o desgosto de não experimentar). Nessa manhã havia ficado muito forte para mim a unidade entre os Quilombos próximos uns aos outros, pois eles sempre se tratavam como uma família.
Durante a tarde do sábado, a expectativa aumentava cada vez mais. Nós fomos visitar outra senhora de idade também, para dar-lhe a benção, e nessa visita conhecemos um par de irmãos super gente boa, e tiramos fotos com eles, e sempre conhecendo a realidade desses meninos. Ainda a tarde fomos visitar o minifúndio do Sr. Valdomiro no qual possuía muitas frutas e especiarias como: cana-de-açúcar, hortelã, banana (não estava em época), mexerica etc. É uma experiência excepcional, pois nós que moramos em São Paulo não estamos habituados com isso, por isso aproveitamos muito a parte gastronômica… E assim a tarde ia se esvaindo e chegava a tão esperada noite.
Às 18h começava a missa da padroeira, que o Frei Mariano celebrou. Foi uma missa linda. Foi tão bom ver aquela igreja simples e humilde de tudo, e muito acolhedora. Me fez refletir um pouco sobre algumas vaidades da nossa igreja, e as pessoas acabam esquecendo o objetivo principal, que é o Cristo. Foi uma celebração emocionante mesmo! Logo após a celebração chegou a parte esperada, a festança, com muito bingo e forró. A festa seguiu até as 6 horas da manhã. Nós, jovens, não tivemos o pique de aguentá-la até o fim, mas dava para ouvir a festa da casa onde estávamos… Enfim acabou o sábado, e fomos embora no domingo de manhã, com muita bagagem e muita história boa para contar.
Engraçado como há diferenças sociais e nem ao menos, no nosso dia a dia, percebemos isso. Vemos o mendigo na rua e simplesmente achamos normal, não nos indignamos mais de fato, já virou parte da paisagem. Vejo que não há necessidade de ir muito longe da cidade de São Paulo para ver essas grandes diferenças sociais, porém, ao fazer, saímos dessa “realidade acostumada” e conseguimos enxergar melhor.
A ida ao quilombo da cidade de Eldorado, interior de São Paulo, essa grande diferença consegue se mostrar. Víamos as casas feitas de qualquer jeito, barro, madeira; e graças à grande luta dos moradores, víamos outra casa, essa já mais bonita e em melhor estado.
Mata bem densa, plantações, montes cheios de árvores, estradas de terra e casas bem simples distribuídas irregularmente. Esse é o visual do lugar, pelo visto bem bonito em minha humilde opinião. Havia uma pequena escola e um pequeno hospital, que com a luta dos moradores chegaram até o quilombo.
O acolhimento, do senhor Valdomiro e sua família, foi fantástico, consegui me sentir em casa nesse pequeno período que ei lá. Comida nem se fala! Difícil achar aqui na cidade grande algo com um sabor igual. Engraçado como dormindo relativamente menos do que na cidade parecia acordar bem mais recuperado e com menos sono. O orgulho do senhor Valdomiro para com sua plantação, ao mostrar-nos dava para ver o brilho em seus olhos, penso eu que seja pela luta para aquilo ser aquilo, todo trabalho durante anos em sua terra, tudo fruto de uma luta diária e continua.
Pelas voltas e cruzamentos pelo quilombo, amos em diferentes locais, como na casa de pessoas que moram lá. A realidade do cotidiano de cada um, com seus contínuos e quase inacabáveis trabalhos, e até havia algumas senhoras bem idosas e doentes de cama. Ai está uma grande diferença, você vê de perto essa pobreza e se não conseguir se “humildizar” nesse cotidiano, você não o entende.
E quem não gosta de uma festinha, hein?! Sei que os quilombolas adoram. Houve a missa, celebrada por Frei Mariano, O.P., logo em seguida começava a festa de Nossa Senhora, a tão esperada. Não fiquei durante a festa toda, só pude contemplar o começo dela, com um mau azar do nosso pequeno grupo que foi em missão, de só ganhar um refrigerante no bingo. Dormimos e acordamos para ir embora e a festa havia acabado de terminar. Dançaram, beberam e se divertiram.
Vejo um lugar com grandes historias e grandes vivencias. Vejo que muitos podem ter uma grande experiência lá, espero poder voltar mais vezes, para poder ajudá-los de alguma forma, mas não sozinho, pois em grupo vejo que conseguimos ser melhores pregadores e melhores servidores de Deus.
*Quilombo é o lugar para o onde os escravos refugiados iam e se agrupavam