Por Rafael Oliveira

Integrantes do Movimento Juvenil Dominicano (MJD-BR) participaram, entre os dias 4 e 6 de outubro, do 24º Encontro da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, em Goiânia (GO). Estiveram presentes Bruno S. Alface e Rafael Oliveira, ambos do MJD-SP, além de Yves Michel, Giovanna Araújo, Giovanna Fleury e Daniele Ramos, do MJD – Porto Nacional.
O encontro foi realizado sob o tema “Trabalho de base e a articulação das ações de Justiça e Paz”. As discussões e exposições foram direcionadas de maneira elogiosa pela Irmã Pompéa Bernasconi, que colocou em análise questionamentos como: o que é trabalho de base? Qual a finalidade do trabalho de base? Como fazer o trabalho de base?
Seria um grande desafio definir em poucas linhas o que é trabalho de base, tendo em vista que este é um tema bastante profundo e abrangente. Mas, pode-se dizer que é o trabalho com pessoas que não contam com o amparo das instituições governamentais para ter uma vida digna. É a ação em conjunto com o povo que não tem boas condições de moradia, saúde, educação e o a serviços essenciais.
Realizar o trabalho de base exige atenção a pequenos detalhes que podem decidir o sucesso ou fracasso na relação com o povo. Portanto, ser sensível ao outro, silenciar o coração e estar aberto às diversidades são características essenciais para desenvolver ações competentes.

Irmã Pompéa Bernasconi
Sentir o cheiro
As conversas e trocas de experiências mostraram que o trabalho de base procura sempre fazer as pessoas carentes perceberem suas habilidades e potencialidades. Respeitar a cultura e ouvir o que o povo está falando é essencial para desenvolver os projetos sonhados. Para isso, é necessário estar presente na vida dos nossos irmãos. Como foi falado durante as exposições, é preciso “sentir e gostar do cheiro das ovelhas”, nenhum trabalho de base é feito à distância, por telefone ou internet.
Um ponto essencial nessa jornada é ser humilde para conhecer a linguagem, a cultura e os sonhos do povo. “Somente na partilha que o ser humano se reconhece”, conforme pontuou a Irmã Pompéa.
Em comunhão
Um trabalho de base nunca pode ser deixado para trás porque o líder do grupo parou de atuar no projeto. Por isso, esqueçamos as lideranças individuais e pensemos em grupo de lideranças. Dessa forma, todos são responsáveis pela realização das tarefas necessárias. E isso inclui as pessoas que são o público-alvo do projeto. Pois não é fazer PELO povo ou PARA o povo, e sim COM o povo.
A diferença é sentida quando nos interessamos pela história daquele povo. Ou seja, quando amos a conhecer as lutas já vividas por ele; assim como as vitórias e derrotas enfrentadas pelo caminho.

E nós?
A teoria em palavras é muito simples e bonita de se ver e de contar. Esse texto, além de compartilhar nossas experiências, também deve nos proporcionar uma reflexão. Nosso trabalho de base é motivado pelo quê? Estamos nos envolvendo com os irmãos que precisam de nossa companhia?
É possível dizer, sem margem de erro, que o grupo ou bons dias de aprendizado. Conviver com figuras que, há anos, trabalham na luta pela justiça e pela paz é um grande incentivo para seguirmos em frente com nossos trabalhos, projetos e sonhos. Certamente temos muito o que corrigir e modificar. Mas, mais um o foi dado em nossa formação. Que esses momentos de extrema profundidade sejam colocados em prática nas nossas ações.
O que pensamos
Para ilustrar ainda mais o nosso relato sobre o 24º Encontro da Comissão Dominicana de Justiça e Paz, confira a seguir relatos de alguns dos companheiros de MJD que tiveram a oportunidade de viver esses momentos:
“Achava mesmo que pra conversar com pessoas com tanta influencia e ciência sobre e a vida dominicana, eu tinha que “saber de tudo”. O que vivi e experimentei no encontro de Justiça e Paz foi totalmente diferente, me surpreendi, e aprendi que muito mais que aprender, de certa forma, eu também deveria ensinar. Em meio a tantas opiniões sobre um mesmo tema, sua mente se abre a compreender, e saber o propósito de cada um presente. Para saber o significado do “Trabalho de base”, é necessário, principalmente, olhar para o povo e começar a ver seus interesses e deixar que o seu eu silencie, mesmo que por um instante.
Particularmente, acho que a democracia tem que estar no ar, quando o nosso desejo é lutar pelos direitos das pessoas – que na maioria das vezes não tem voz, nem vez. Ao término do encontro, no momento de despedidas, notei que assim como eu trouxe muito de cada um, deixei um pouco de mim para algumas pessoas, e isso me deixou muito feliz.
Na volta para casa, refleti sobre o texto de Jeremias: “”Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta”. Então disse eu: “Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino”. Mas o Senhor me disse: “Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar”, diz o Senhor. E estendeu o Senhor a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor. “Eis que ponho as minhas palavras na tua boca;”” Jeremias 1, 5-9
Diante de minha reflexão, conclui que somos todos escolhidos para fazer o trabalho de base, e não importa quão grande, ou quão pequeno somos diante da sociedade, se acreditamos, somos capazes de fazer. Nós, como igreja, temos histórias e das mais belas, o que falta é a propagação da mesma. É necessário mostrar quão bonito e maravilhoso é fazer parte de trabalhos solidários, que muito nos acrescenta na caminhada espiritual da igreja”. – Giovanna Araújo, MJD – Porto Nacional.

Giovanna Araújo, Giovanna Fleury e Daniele Ramos | MJD – Porto Nacional
“Um fim de semana de muitas experiências, histórias e aprendizado. Através do encontro de Justiça e Paz, tive o prazer de conhecer pessoas especiais e aprender mais com elas. Pessoas dignas de respeito, pessoas que têm várias histórias para contar. Ao discutirmos um tema, obtivemos tantas opiniões diferentes, e tive a oportunidade de aprender mais e ter uma nova visão.
Queria viver em um mundo que não tivesse ricos e pobres, que não tivesse diferenças e preconceitos. Seria a solução de muitos problemas, porém isso parece difícil, mas pode ser possível. Aprendi que os Dominicanos são guerreiros e que estão sempre do lado daqueles que precisam. Trabalho de base é viver o que muitos vivem e poucos percebem. Família que tem uma grande luta pela dignidade! Dominicanos: nosso claustro é o mundo!” – Giovanna Fleury, MJD – Porto Nacional.
“Um dia pensei fazer parte da família dominicana, e hoje faço parte dessa família maravilhosa; Uma decisão felicíssima. que vem me proporcionando muitos momentos maravilhosos, como esse da reunião da Comissão Dominicana de Justiça e Paz. Momentos de muitos aprendizados; uma oportunidade de compartilhar uma experiência fantástica ao lado de grandes doutores da missão dominicana. Momento para nos sacudir, para percebermos o quanto precisamos caminhar para chegar no mínimo onde esse nobres homens e mulheres já chegaram. E dessa forma, é necessário que no mínimo façamos uma reflexão de que não podemos deixar ar em branco a chance de ser diferente. Ser diferente na forma de atuar por uma vida digna para o próximo.
Um encontro que deixou muitas lições como esta e que devem ser colocadas em prática como missionário e membro do Movimento Juvenil Dominicano! Além de tudo isso, o evento nos proporcionou uma convivência muito prazerosa, que nos permitiu conhecer vários membros da família dominicana, e também me proporcionou conhecer o “Monstro” Rafael Oliveira, grande amigo e grande companheiro. Além de nos conhecermos, algo em comum nos marcou nesse encontro: fomos presenteados pelo nosso Gran Hermano, Bruno Alface, com o Anel de Tucum, símbolo de missão”. – Yves Michel, MJD – Porto Nacional.

Giovanna Araújo e Yves Michel | MJD – Porto Nacional

Rafael Oliveira apresentando o projeto ”Construindo Dignidade”, do MJD – SP

Frei Xavier Plassat, o.p., Aninha e Jelson Oliveira

Frei Marcos Sassateli, o.p.

Frei Humberto, o.p., e seu testemunho profético

Giovanna ”Dijó”, Bruno Alface, João Xerri, o.p., e Dom Tomás Balduino, o.p.