Encontro Mundial da Juventude Dominicana em Bogotá | IDYM 2013

Por Leonardo De Laquila, Frei Jorge Ferdinando, OP, e Frei Mirko, OP.

Olá companheiros e companheiras. Após duas semanas ricas, porém lotadas de eventos, conseguimos compartilhar com todos as experiências do Encontro Mundial da Juventude Dominicana (e no próximo post, um pouco sobre a Jornada Mundial da Juventude).

Entre os dias 7 e 17 de julho, quatro integrantes do Movimento Juvenil Dominicano do Brasil participaram do Encontro Internacional da Juventude Dominicana, o IDYM (International Dominican Youth Movement). Mateus Amaral  e Leonardo Akira, representando Curitiba, Leonardo De Laquila, representando o  Movimento do Brasil e frei Bruno Moreira, o.p.

Delegação brasileira

Ao fim do encontro de integração e formação do movimento que contou com 200 jovens de diversos países, deu-se início a assembleia IDYM, onde se discutiu e se reorganizou o conselho do movimento internacional.  Antes contava com 3 jovens e 4 religiosos, e agora é formado por 5 jovens e um assessor que estarão ligados ao Promotor do Laicado Dominicano. São eles os novos integrantes da coordenação IDYM:

Coordenador: José Alberto (Espanha), Promotor para Formação: Lyamar Dias Rodrigues (Porto Rico), Promotor para Comunicação: Sean Mundy (EUA), Promotor para Missão – Caridade: Leonardo De Laquila (Brasil) e Promotor de Finanças: Daniel Toledo (Guatemala).

Coordenação Mundial

Parabenizamos nosso irmão Leonardo De Laquila – Léo, atual coordenador do MJD-BR, por esse novo desafio.

Assembléia IDYM

Abaixo, compartilhamos um texto do frei Jorge Ferdinando, em 17 de julho de 2013.

“A experiência de fé viva na realidade concreta da Igreja na Colômbia serviu como horizonte para a reunião, que teve como tema central o nome de ‘Muisca: Sou eu em pessoa’, em referência a um dos grupos indígenas que historicamente habitou a geografia Colômbia e o reconhecimento de que a pessoa, em sua totalidade, concedida em seu mundo como um testemunho para a tarefa de guiar os jovens dominicanos na Colômbia e no mundo.

Nesta perspectiva, a reunião teve a participação de 200 jovens que vieram de regiões diferentes e distantes da Colômbia e do mundo para celebrar a fé.

Foto Oficial IDYM

Eles foram acompanhados pelo Mestre da Ordem, frei Bruno Cadoré, o.p.,

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alguns religiosos da Cúria Geral, os membros que compõem a Comissão MJD International, e, finalmente, a família Dominicana Colômbia, que têm apoiado o desenvolvimento da reunião que teve lugar no Campus Santo Alberto Magno St. Thomas University, um lugar de estudo na planície bela e extensa de Bogotá.

Os principais elementos do encontro buscaram um olhar crítico sobre a juventude e seus fenômenos, o conhecimento dos principais projetos da Ordem e da responsabilidade que os jovens podem desempenhar na dinâmica atual da Igreja e das comunidades particulares em que estão localizados. Por sua vez, a reunião permitiu viver os fundamentos da Ordem, na experiência de oração, estudo, vida fraterna e pregação. Os jovens compartilharam a peregrinação ao Santuário Mariano Nacional de Nossa Senhora de Chiquinquirá,

Chiquinquirá

e a realidade da missão em alguns dos lugares onde os dominicanos da Colômbia compartilham seus projetos com os mais necessitados da sociedade.

Missão

Após a reunião, destacou-se a esperança de reconhecer que, enquanto os jovens compreendem a sua crescente responsabilidade na vida da Ordem, as pessoas que encarnam a Palavra na forma Dominicana de vida, vão encontrar, no futuro, novos jogadores em que a ação de Deus vai apresentar na transformação de suas realidades. ‘Eu entendo que eu tenho outros irmãos, em outros lugares, fazendo outras coisas, mas vou construindo uma forma de fazer comunidade de fé, com os meus problemas e os meus sonhos.’ foi o depoimento de Andrea, um dos participantes no final da reunião.

Por fim, não podemos deixar de compartilhar, um texto quentinho do Capítulo Geral da Ordem dos Pregadores, escrito por frei Mirko Vlk, o.p., no dia 29 de julho de 2013.

“Durante a Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco chamou os jovens do mundo a levarem a igreja para as ruas e protestarem. Simultaneamente, o Capítulo Geral da Ordem dos Pregadores enacara a questão de como apoiar, ainda mais, a juventude laica por todo o mundo, na pregação do evangelho.

Na semana ada os meios de comunicação estiveram voltados para a visita do Papa ao Brasil e sua participação nos eventos da Jornada Mundial da Juventude. O Papa Francisco obvimanete considera que a juventude católica é a força que move a Igreja, tanto hoje como no futuro. Isto pode ser facilmente entendido por suas insistentes declarações que os jovens católicos necessitam protestar, sacudir o comodismo e a auto-complacência de uma igreja fechada sobre si mesma. Mas o que isso tem a ver com o Capítulo da Ordem dos Pregadores reunido em Trogir [Croácia], do outro lado do mundo?

Só uma semana antes do começo da Jornada Mundial da Juventude no Brasil, o Movimento Juvenil Dominicano Internacional teve sua própria assembléia em Bogotá, na vizinha Colômbia. Jovens Dominicanos de todo o mundo se congregaram para pensar e discutir seu papel na missão da Pregação da Ordem, e a melhor maneira de contribuir para o movimento da Nova Evangelização e a missão da Igreja. Assim, parece que a juventude da Família Dominicana está claramente em sintonia com a mensagem do Papa para a juventude católica do Mundo.

Muitos mostraram claramente isso viajando de Bogotá para o Rio de Janeiro para saudar ao Papa. Como disse frei Wojciech Delik, membro do Movimento Dominicano Internacional, ‘o encontro de Bogotá concluiu que os jovens não devem ser meros receptores de nossos sermões e conferências, um sujeito de nosso cuidado pastoral. Podem, e frequentemente querem, ser nossos parceiros na Pregação’.

E longe de ser um grupo de velhos falando de tediosos temas legislativos, o Capítulo Geral está na realidade muito interessado no Movimento Juvenil Dominicano Internacional e nas suas atividades. O Movimento foi criado não porque os Dominicanos precisam de novas vocações, ou porque não há mais jovens religiosos. A Jornada Mundial da Juventude no Brasil mostrou que a situação é oposta. O Movimento Juvenil Dominicano Internacional foi fundado com a idéia de conectar os jovens de todo o mundo e fazer-los parceiros na missão de Evangelização.

O Evangelho deve ser pregado e os Dominicanos necessitam convidar para a sua missão os jovens de fé que podem pregar aos outros jovens. Assim , apoiando de todo o coração o Movimento Juvenil Dominicano Internacional, o Capítulo Geral está seguindo a cartilha do Papa para chegar aos jovens do mundo.”

Para conferir o texto na íntegra e no idioma original, e aqui a postagem do blog do Capítulo Geral (que está sendo atualizado em tempo real com as novidades do Capítulo).

Fraternos abraços e participem conosco, compartilhando e comentando.

Ato em Solidariedade a Tribo Xavante e a Dom Pedro Casaldáliga

por Osvaldo Meca, Giovana Ruiz e Bruno S. Alface

MJD-BR

Eu morrerei de pé como as árvores.
Me matarão de pé.
O sol, como testemunha maior, porá seu lacre
sobre meu corpo duplamente ungido.

E os rios e o mar
serão caminho
de todos meus desejos,
enquanto a selva amada sacudirá, de júbilo, suas cúpulas.

Eu direi a minhas palavras:
– Não mentia ao gritar-vos.
Deus dirá a meus amigos:
– Certifico
que viveu com vocês esperando este dia.

De golpe, com a morte,
minha vida se fará verdade.
Por fim terei amado!

(Profecia Extrema – Dom Pedro Casaldáliga)

 

No dia 7 de fevereiro de 2013, integrantes do MJD-SP estiveram presentes no Ato em Solidariedade a Tribo Xavante e a Dom Pedro Casaldáliga realizado no Salão nobre da Câmara Municipal dos Vereadores de São Paulo, SP. 

mesa_atoXavante_07.02.13

A manifestação, que foi tema de nosso último post aqui no Blog, foi organizada pelo Comitê de soliedariedade a Dom Pedro Casaldáliga e ao Povo Xavante, contando com a participação de parlamentares, lideranças religiosas, agentes pastorais, militantes e representantes de movimentos sociais que endossam o apoio a resistência indígena. 

Paulo Roberto Martins Maldos, Secretário Nacional de Articulação Social do Governo Federal, foi o primeiro a falar ao público. Em seu colóquio de abertura, Paulo nos trouxe o panorama atual dos fatos que envolvem o conflito e após o evento também falou especialmente ao nosso Blog sobre esse cenário. Confira no vídeo abaixo.

#mjdbr

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Dom Milton Kenan Júnior, Bispo Auxiliar de São Paulo da região episcopal da Brasilândia, foi o segundo discursar demonstrando o apoio e solidariedade de todos os Bispos à causa de Dom Pedro a aos Xavantes. Antes do inicio da cerimônia, Dom Milton também nos concedeu uma rápida palavra.

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Erundina_atoXavante_07.02.13

Após Dom Milton, foi a vez de a Deputada Federal Luisa Erundina assumir o microfone. Ao fim de sua fala, Erundina aproveitou para convidar o Senador Eduardo Suplicy para colaborar com a criação de uma frente parlamentar mista em defesa do povo Xavante. O Senador, que aceitou o convite instantaneamente, foi o quarto a falar ao público durante a manifestação. 

Waldemar Rossi, representante da Pastoral Operária, foi o quinto a prestar solidariedade. Em seguida, Hamilton Pereira, Secretário de Cultura do Distrito Federal e também conhecido como escritor por Pedro Tierra, fez seu colóquio para o público. Hamilton, assim como Casaldáliga, cultiva uma particular paixão pelas palavras e juntos chegaram a lançar o livro de poesias ‘’Ameríndia Morte e Vida’’, pela Editora Vozes. Hamilton também falou exclusivamente ao Blog do MJD.

#mjdbr

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O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh foi o sétimo a se pronunciar e apresentou documentos que comprovam que Dom Pedro é perseguido há pelo menos 40 anos, em motivo de sua opção de lutar em defesa dos direitos dos oprimidos. Bem humorado, Eduardo partilhou conosco a frase que Casaldáliga proferiu ao saber da ameaça dos militares durante o período da ditadura brasileira: ‘’Se Deus é grande, a mata é maior’’.

Carlos Giannazi, Deputado Estadual de São Paulo, esteve presente para prestar solidariedade a causa e ao término do evento também concedeu uma rápida palavra ao nosso canal.

#mjdbr

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E após aproximadamente duas horas de colóquios e homenagens no Salão nobre, o Ato se encerrou com a fala de um representante legítimo da Tribo que está em evidência. Bruno Xavante, que é estudante de serviço social aqui em São Paulo, também concedeu seu parecer para o nosso Blog.

#mjdbr

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público_atoxavante_070213Assim como o Secretário Paulo Maldos nos disse, bom seria se eventos como esse acontecessem Brasil afora, reunindo agentes de transformação social de diversos setores comprometidos em combater a opressão agrária do Brasil, que é uma triste realidade de nosso país. A proposta dessa reportagem é de colaborar com a formação da sociedade e, principalmente, do público jovem sobre este importante tema, que é a etapa anterior necessária para melhor agirmos no mundo.

Saiba como apoiar e colaborar entrando em contato com o Comitê de Solidariedade ao Povo Xavante e a Dom Pedro Casaldáliga. Contatos:

Paulo Pedrini: [email protected]
Alexandre Maciel: [email protected]
Alexandre Ferreira: [email protected]

Outras fontes:

Reportagem da rádio Brasil Atual sobre o evento:

http://www.redebrasilatual.com.br/radio/programas/jornal-brasil-atual/d.-pedro-casaldaliga-e-homenageado-na-camara-municipal-de-sao-paulo/view

Reportagem do sítio Palavra Aberta: 

http://palavraaberta.com.br/homenagem-a-dom-pedro-casaldaliga-pela-defesa-dos-indios-xavante/

Solidariedade a Los Cacaos – Haiti

Nós do Movimento Juvenil Dominicano do Brasil recebemos esta carta da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil e somos solidários a comunidade haitiana Los Cacaos.

Jovens, amigos e parceiros do #MJDBR: Leiam e espalhem essa mensagem. As informações que explicam como ajudar estão no final do texto, vamos nos mobilizar.

 Aí vai a carta:  

Los Cacaos

 

“ONDE ESTÁ SEU TESOURO, AÍ ESTARÁ TAMBÉM O SEU CORAÇÃO”

 

Caras Irmãs e Caros Irmãos da Família Dominicana do Brasil,

O povo do Haiti continua vivendo muitos sofrimentos herdados inclusive do último terremoto. Nós temos Família Dominicana no Haiti. Por isso, convocamos cada um(a) de vocês a assumir com a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, a Campanha de Solidariedade à comunidade Los Cacaos/Haiti, com duração prevista até o Natal deste ano.

Reconhecendo que os haitianos vivem uma realidade limite entre a vida e a morte, em razão de uma histórica violação dos direitos humanos, foi formada, em 2010, uma comunidade intercongregacional que inclui irmãs e leigos/as da família dominicana para viver, trabalhar e lutar, solidariamente, com a comunidade de Los Cacaos.  Atualmente conta com três membros, sendo: a irmã Maria Marciano, brasileira, das Dominicanas de Monteils; a irmã Simone Pace, dominicana de Santa Catarina de Sena, e a Carmen, leiga dominicana do Peru, atuando nas áreas de saúde, de educação, construção de centros comunitários e de aquedutos para distribuição de água.

Entre as várias necessidades dos moradores dessa comunidade, está a construção de um centro comunitário que será utilizado como salão de reuniões e escola. Além disso, com os recursos arrecadados também será contratado um professor local para a educação das crianças da comunidade.

los cacaos

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Para apoiar o Projeto-Missão, em Los Cacaos, vocês são convidados/as:

1. a unir seus corações à comunidade de Los Cacaos. A comunhão que brota do coração é a que nos mantêm vivos para continuar na construção da Justiça e da Paz.

2. a criar, com seus irmãos, irmãs e amigos(as) seja nas comunidades, colégios, paróquias e obras sociais, um Grupo de Solidariedade à Comunidade de Los Cacaos, a fim de arrecadar recursos financeiros para apoiar a construção de um centro comunitário e a contratação de um(a) educador(a).

3. depositar o valor arrecadado na Caixa Econômica Federal, Agência 1340, Operação 003, Conta corrente: 00001549-7, em nome de Instituto AM Los Cacaos.                    

Esta Campanha é um convite e um desafio para ser respondido comunitariamente em defesa da vida. Com o pouco que temos, somos chamados(as) a apoiar generosamente a comunidade de Los Cacaos em nome da fidelidade à Jesus, que veio “para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo. 10, 10).

los cacaos

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Sugestões da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil:

Em apoio ao desenvolvimento desta Campanha, apresentamos sugestões anexas a esta carta.

Que o Grupo de Solidariedade de maneira bem criativa e dinâmica;

1 – divulgue, imediatamente, essa Campanha no site, no boletim impresso e nas reuniões ordinárias de seu Colégio, obra social ou Paróquia.

2 – escolha – estrategicamente – um dia da semana (para os Colégios) e um final de semana (para as Paróquias) para divulgar/motivar, de maneira bem comunicativa essa Campanha, usando cartazes, fotos em data show, distribuir envelopes com carimbo da Campanha, marcando o prazo para ser devolvido, etc.

3 – motive as crianças, adolescentes e jovens dos Colégios, da Catequese e dos Grupos de Jovens a fazerem desenho, escrever bilhetes/mensagens expressando o carinho e a solidariedade do Brasil para com as mesmas gerações do Haiti. O mesmo pode ser feito com casais (dos Colégios e das Paróquias) para com os casais haitianos.

Flávio Alves Barbosa

Coordenador da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil

A outra economia e a Agenda Latino-Americana 2013

Em algumas cidades do Brasil estão acontecendo os eventos de lançamento do Livro-Agenda Latino-Americana Mundial de 2013, organizados pelos Amig@s da agenda Latino-Americana.

Com o intuito de melhor entendermos a proposta da Agenda de 2013, que tem como tema ”A outra economia”, disponiblizamos aqui o texto de apresentação de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia e um dos principais idealizadores da proposta da Agenda.

 

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Ilustração da capa do Livro-Agenda de 2013

 

 

A outra economia

por Pedro Casaldáliga

Na Agenda de 2012 nos perguntávamos que Humanidade podemos e queremos ser, que vida podemos e queremos viver, que convivência almejamos. Esta Agenda de 2013 aterrissa no campo de batalha da Economia, onde se decide a vontade e a possibilidade de viver e de conviver toda a Humanidade com verdadeira dignidade humana.

Emmanuel Mounier nos recordou que tudo é política mesmo não sendo a política tudo. Muito antes e depois ideologias e poderes têm reduzido tudo à Economia. Churchill dizia que “no fundo de toda questão há uma libra esterlina”.

A Agenda aborda a Outra Economia. Que não é um tema novo em absoluto, senão que conecta com a luta utópica de tanta Humanidade, em movimentos e revoluções, com diferentes nomes, porém na procura da justiça, contra a fome e a escravidão, contra todos os regimes políticos que têm negado o sol e o pão à imensa maioria da Humanidade una.

Falamos da Outra Economia, outra de verdade, radicalmente alternativa, não simplesmente de “reformas econômicas”. De reformismos baratos nos livre o Deus da Vida. A Outra Economia não pode ser somente econômica. Há de ser integral, ecológica, intercultural, a serviço do Bem Viver e do Bem Conviver, na construção da plenitude humana, desmontando a estrutura econômica atual que está exclusivamente a serviço do mercado total, apátrida, homicida de pessoas, genocida de povos. Sonhamos com uma mudança sistêmica que atenda às necessidades e aspirações de toda a Família Humana reunida na casa comum “Oikós”. “Oikós-nomia” é “a istração da casa” que tem como lei a fraternidade/sororidade.

Esta outra economia só se pode dar a partir de uma consciência humana e humanizadora que se negue à desigualdade escandalosa em que está estruturada a sociedade atual. Uma economia para todas as pessoas e todos os povos, em comunhão de lutas e esperanças, como sonhava o camponês para seus nove filhos: “mais ou menos para todos”. Em nível de família, de vizinhança, de cidade, de país, de continente, de mundo. Sempre a partir dos pobres e excluídos, construindo da terra do povo, do seu suor, do seu grito e seu canto, do sangue derramado por multidões de mártires testemunhas.

Por ocasião da grande crise atual escrevia a revista “Iglesia Viva”, em seu número 248: “a única forma de sair da crise e evitar outras mais graves é combater a desigualdade em todas as suas manifestações”. Os informes do PNUD nos vêm recordando que o 20% mais rico da população mundial absorve o 80% das riquezas mundiais, e o 20% mais pobre têm que se conformar com 1,6%. Segundo Noam Chomsky, 230 famílias possuem 80% da riqueza mundial. Enquanto perdurarem estas cifras de desigualdade monstruosa não haverá paz nem justiça no mundo. A economia outra tem de ser a socialização dos bens maiores que são patrimônio de toda a Humanidade: a terra, a água, a moradia, a saúde, a educação, o trabalho, a comunicação, a mobilidade…

A economia de mercado, especulativa, financeira, rege o mundo e tudo está assim submetido à macroditadura capitalista neoliberal. Em vez de uma política social se impôs o mercado total e sua economia especulativa financeira globalizada. A civilização que hoje nos domina é a estruturação capitalista do egoísmo, da prepotência, da exclusão, da fome, da morte antes de tempo e por causas iníquas.

O teólogo mártir Ellacuría propugnava “a civilização da pobreza”. Eu a traduzia como “a civilização da sobriedade compartilhada”. Se continuarmos fazendo do lucro a qualquer custo a pauta da economia, seguirão crescendo a fome, a miséria, a violência, a depredação. O crescimento capitalista neoliberal somente pode vencer-se com um “decrescimento” harmônico e mundial. “O Bem Viver e o Bem Conviver” exigem e possibilitam que a Humanidade cresça verdadeiramente, humanizando-se em todos os níveis. “Humanizar a Humanidade” é a ordem. Ecologicamente, pluriculturalmente, iguais e diferentes na Casa Comum.

À luz da fé religiosa sobretudo, essa economia outra será uma verdadeira espiritualidade: de compaixão solidária com todos os caídos à beira do caminho; de indignação profética frente a todos os ídolos de mentira e de morte; de convivência amorosa com todos os seres. Supõe uma autêntica conversão ao Mistério da Vida, ao Deus desse Mistério, à “Oikós” que coabitamos.

Dirão que é utopia, e é mesmo. Uma utopia legítima se se vive dia a dia construindo- a na base do amor e da esperança. É uma economia-utopia que é preciso inventar a partir da prática diária. Obrigará a rever a fundo a noção e a prática da propriedade privada, tida como sacral e ilimitada. As Religiões, a Igreja concretamente, têm servido para justificar a entronização de uma propriedade privada que é privativa e privadora. Nos primeiros tempos da Igreja, em contrapartida, aqueles veneráveis bispos teólogos afirmavam categoricamente: “o que te sobra não é teu”. Acumulando em poucas mãos e excluindo as maiorias, a propriedade privada vem sendo uma guerra à morte entre opressores e oprimidos, como diria o teólogo Comblin, entre os que têm e os que não têm, como diria Cervantes.

Em linguagem bíblico-teológica temos a palavra chave para falar da Outra Economia, verdadeiramente outra: o Reino, a economia do Reino. Obsessão de Jesus de Nazaré, revolução total das estruturas pessoais e sociais, utopia necessária, obrigatória, porque é a proposta do próprio Deus da Vida, Pai-Mãe da Família Humana.

 

Foto de Dom Pedro Casaldáliga